Oremos. Senhor, escutai as orações que Vos ofereceremos todos os dias deste mês, pela consolação de nossos irmãos e irmãs falecidos, e concedei-lhes um lugar de descanso, de luz e de paz! Escutai também as orações que essas almas Vos oferecerão por nossa intenção, para que possamos finalmente obter, através de sua intercessão, as graças que Vos pedimos.
Considerai que essa tocante devoção, tão venerável pela santidade de sua origem, tão grande pelas lembranças que ela evoca, tão preciosa pelas vantagens que ela traz, é o meio mais eficaz para ganhar a vitória sobre nossas paixões, e o caminho mais seguro para chegar rapidamente ao cume da perfeição. O horror do pecado, que causou a Jesus Cristo tantas dores, o medo de cometê-los para não renovar os sofrimentos de Sua Paixão, o espírito de sacrifício e de penitência para nos tornarmos semelhantes a Ele, o zelo pela salvação das almas que Lhe custaram tão caro, o amor da humildade e da abjeção, o perdão às injúrias, a paciência nas provações da vida, a renúncia de tudo, cujo exemplo Ele mesmo nos deu: eis o que encontramos a cada passo da via dolorosa. Há algo mais consolador e edificante? Se quiserdes, diz São Boaventura, crescer de virtude em virtude, atrair graças sobre graças, e tornar-vos semelhantes, não somente aos anjos, mas ao próprio Deus, dedicai-vos frequentemente a esse santo exercício. Ó caminho precioso da cruz, vós sempre sereis minha grande alegria, e vos tornareis para mim o caminho real que conduz ao Paraíso.
E vós, alma cristã, quereis tornar-vos cada vez mais justa e cada vez mais santa? Não posso vos recomendar um método mais rápido e mais seguro para avançar na virtude e para tornar-vos semelhante à imagem do Filho de Deus do que estudar as divinas lições que nos são mostradas no caminho do Calvário. Sim, fazei frequentemente o santo exercício da Via Sacra, a exemplo da Santa Virgem, dos primeiros discípulos do Salvador e de uma multidão de santos, e vos asseguro que vos sentireis cada vez melhor, mais cristã, mais próxima do Céu.
A Via Sacra é também uma prática muito proveitosa aos nossos queridos falecidos. Ao seguir o divino Crucificado no caminho doloroso até o cume do Calvário, nós recolhemos algumas das gotas de Seu precioso sangue, alguns dos méritos de Seu doloroso martírio e nós os oferecemos à justiça de Deus para pagar a dívida das almas cativas. Também, a cada estação, parece-nos que escutamos um suspiro do além-túmulo, um suspiro de alegria, de alívio. Este santo exercício é, sobretudo, proveitoso aos mortos por causa das preciosas indulgências que lhe são associadas e que são todas aplicáveis aos defuntos. Elas são tão extensas e tão numerosas que nós não podemos precisá-las e, como ensina Bento XIV, para tirar proveito delas, basta estar em estado de graça, sem a necessidade da confissão e da comunhão. Além disso, podemos completar esse piedoso exercício varias vezes no mesmo dia.
Se, portanto, desejais aliviar e libertar muitas almas do Purgatório, praticai por elas essa devoção tão bem recomendada. Vós encontrareis sobre essa via dolorosa, consagrada pelos sofrimentos e pela morte de Jesus Cristo, a consolação de que vosso coração necessita para suportar a perda das pessoas por quem ainda chorais e o meio de lhes abrir o Céu. Que tesouro para vós e para vossos queridos ausentes! Tomai hoje, portanto, a resolução de fazer a Via Sacra toda semana, à sexta-feira, dia memorável, como prova de vossa gratidão.
Os exercícios de uma missão eram ministrados numa pequena paróquia. Os fiéis vinham em multidão ouvir a palavra de Deus e solicitar Seu perdão. Três homens apenas recusavam-se obstinadamente a participar das pregações. Eles haviam prometido mutuamente que nunca colocariam os pés na igreja e, sobretudo, que nunca se confessariam. A mulher de um deles veio procurar o missionário e confiar-lhe suas mágoas. Perguntou-lhe o homem de Deus: Tendes filhos? — Tenho dois, ainda jovens. — Pois bem, trazei-os à igreja, fazei devotamente com eles a Via Sacra pelas almas mais desamparadas do Purgatório. Pedi, por intermédio dessas santas almas que tiverdes aliviado, a conversão de vosso esposo, e eu vos asseguro que a obtereis, pois a experiência me ensinou que o exercício da Via Sacra é o meio mais eficaz para aliviar nossos defuntos e para obter, por sua intercessão, os auxílios de que necessitamos. Cada dia, pois, à hora do meio-dia, quando a igreja estava mais vazia, a virtuosa esposa vinha ajoelhar-se ao pé do Tabernáculo com seus dois filhos jovens, e fazia com eles o santo exercício da Via Sacra. A cada estação, a pobre mãe chorava, e as crianças diziam do fundo do coração, estendendo as mãos para a imagem do divino Crucificado: Ó Jesus, dai o repouso aos mortos e convertei meu pai! Que espetáculo tocante, digno da admiração do Céu e da terra! Ó, sem dúvida, os anjos do Paraíso recolheram as lágrimas e as orações da mãe e dos filhos, e levaram-nas aos pés to trono da Misericórdia. Então, às vésperas do encerramento da missão, o pecador comovido ajoelhava-se aos pés do sacerdote e, no dia seguinte, recebia alegre, na Mesa santa, ao lado de sua esposa, o Salvador Eucarístico. Após a missa, apertava contra seu coração e abençoava seus dois filhos. Ó Caminho precioso da cruz! Sois útil a todos, mas sobretudo aos pobres pecadores e às almas sofredoras do Purgatório.
Oremos. Ó Maria, mãe das dores, vós que haveis meditado tão frequentemente no mistério da Paixão de vosso divino Filho, vós que percorrestes primeiro os lugares consagrados por suas dores, ensinai-nos a meditar e a praticar como vós essa santa e proveitosa devoção. Fazei que encontremos nela as graças da conversão para os pecadores, da perseverança para os justos e da consolação para as almas do Purgatório. Doce Jesus, dai a essas almas benditas o repouso eterno!
Requiescant in pace!
Em seguida, reze cada dia: