Oremos. Senhor, escutai as orações que Vos ofereceremos todos os dias deste mês, pela consolação de nossos irmãos e irmãs falecidos, e concedei-lhes um lugar de descanso, de luz e de paz! Escutai também as orações que essas almas Vos oferecerão por nossa intenção, para que possamos finalmente obter, através de sua intercessão, as graças que Vos pedimos.
De todos os modos que nós temos indicado até agora para aliviar as almas do Purgatório, nenhum é mais poderoso e nem mais eficaz que o Santo Sacrifício da Missa: é um artigo muito consolador da nossa fé. A razão disso é que toda a eficácia do divino sacrifício vem do fato de que ele é oferecido na pessoa e no nome de Jesus Cristo. No altar tem-se, como no Calvário, a mesma vítima, o mesmo sacerdote e, por consequência, a mesma eficácia. Ali, Jesus oferece a seu Pai tudo o que ele é e tudo o que ele tem. Ele oferece toda a Igreja militante e toda a Igreja padecente. Ó, que alegria neste reino de lágrimas, que alegria para estas almas vítimas da justiça divina, quando Jesus de algum modo as abraça e as oferece todas a seu Pai! E o Pai recebe a oblação do Filho. Por entre as chamas expiatórias, Ele reconhece os traços desse Filho adorável, que as almas carregam mesmo em sua desgraça, e Ele concede o perdão em consideração dos méritos desse Cordeiro sem mancha. Como é possível que em um momento tão solene não sejam libertadas todas essas almas? Não sabemos, não podemos perscrutar os segredos da infinita justiça e santidade de Deus, mas é certo que todas são aliviadas. Um santo doutor afirma que, após cada missa, todos os dias, muitos cativos saem do Purgatório e voam em direção ao Paraíso. Em Roma, em um mosteiro, podemos apreciar uma pintura que representa São Bernardo celebrando a missa, e as almas que saem do Purgatório e sobem ao Céu. Como é belo! E como podemos pensar tão pouco nessas grandes maravilhas?
A maior parte das famílias cristãs, faz celebrar um serviço solene pelos pais e amigos defuntos, não somente por ocasião da morte, mas ao fim de cada ano. Tendes cumprido esse piedoso dever, alma cristã? Mandastes celebrar a missa de aniversário de morte de vosso pai, de vossa mãe, de vossos irmãos?
Se vossos recursos não vos permitem fazer celebrar frequentemente o santo sacrifício em nome dos falecidos, não vos esqueçais, almas cristãs, que podeis oferecer vós mesmas, de uma certa maneira, ao assistir a missa com devoção, unindo vossas orações àquelas do padre, àquelas de Nosso Senhor. Sim, quando estais ali, junto ao altar, vós dispondes dos méritos do Cordeiro sem mancha; podeis aplicá-los a todos aqueles que vos são queridos e, tal como Maria e José dirigiam os atos e os passos do Menino Deus, vós exerceis uma autoridade sobre Jesus eucarístico: vós vos tornais o senhor, o distribuidor dos seus méritos. Podeis, portanto, tomar o seu divino Sangue e derramá-lo abundantemente sobre as almas benditas do Purgatório. Podeis aplicar-lhes o fruto do sacrifício, e também a parte que vos cabe por direito, de todas as missas que se celebram no mundo inteiro. Trata-se de um tesouro imenso no qual não pensamos o suficiente; um tesouro com o qual podemos pagar o resgate dos nossos pais e dos nossos amigos que gemem no triste lugar do cativeiro e abrir-lhes a porta do Céu.
Ah! Como seríamos culpados de negligenciar um meio tão fácil e tão eficaz de colocar um fim aos tormentos dessas queridas almas que nos pedem, pelas entranhas do Salvador, que pensemos frequentemente nelas durante o Santo Sacrifício.
O santo Cura d’Ars contava um dia, no seu catecismo, aos seus paroquianos, a seguinte história.
Meus filhos, um bom sacerdote tivera a infelicidade de perder um amigo a quem estimava ternamente; por isso, rezava muito pelo repouso de sua alma. Um dia, Deus fez-lhe saber que ele estava no Purgatório e que sofria ali horrivelmente. Esse santo sacerdote não julgou poder fazer nada melhor do que oferecer o santo Sacrifício da Missa pelo seu querido amigo falecido. Quando chegou o momento da consagração, tomou a Hóstia entre os dedos e disse: Pai santo e eterno, façamos uma troca. Vós tendes a alma do meu amigo que está no Purgatório, e eu tenho o Corpo do Vosso Filho que está entre as minhas mãos. Pois bem, Pai bom e misericordioso, libertai o meu amigo, e eu Vos ofereço o Vosso Filho com todos os méritos da sua morte e da sua Paixão. O seu pedido foi atendido. Com efeito, no momento da ação de graças, viu a alma do seu amigo, toda radiante de glória, subir ao Céu. Deus aceitara a troca. Pois bem, meus filhos, acrescentava o Cura d’Ars, quando queremos livrar do Purgatório uma alma que nos é cara, façamos o mesmo. Ofereçamos a Deus, pelo santo Sacrifício, o Seu Filho bem-amado com todos os méritos da Sua morte e da Sua Paixão; Ele nada nos poderá recusar.
Sigamos, alma cristã, o conselho do santo Cura d’Ars. Façamos oferecer o santo Sacrifício da Missa pelos nossos parentes defuntos e eles serão aliviados, libertados.
Oremos. Por mais culpadas que vos pareçam as almas do Purgatório, Vós Vos deixareis apaziguar, ó Deus de misericórdia, e Vós os perdoareis ao ver o precioso Sangue de Vosso Filho derramado cada dia sobre o altar, para os lavar de suas impurezas. Sim, escutareis a vóz desse Sangue adorável, que não grita para pedir vingança, mas graça e misericórdia. Ó Jesus, Cordeiro sem mancha, que tirais o pecado do mundo, sede propício aos meus irmãos falecidos. Que eles sejam libertados da prisão e que repousem em paz diante de Vós!
Requiescant in pace!
Em seguida, reze cada dia: