Oremos. Senhor, escutai as orações que Vos ofereceremos todos os dias deste mês, pela consolação de nossos irmãos e irmãs falecidos, e concedei-lhes um lugar de descanso, de luz e de paz! Escutai também as orações que essas almas Vos oferecerão por nossa intenção, para que possamos finalmente obter, através de sua intercessão, as graças que Vos pedimos.
A esmola é uma das virtudes que nos são mais frequentemente e mais intensamente recomendadas no Evangelho. Ela possui, segundo Santo Tomás, um poder de satisfação maior que a oração. Ela também dobra a força de nossas orações e traz a segurança do sucesso. O anjo dizia a Tobias (Tobias 12:8-9): A esmola salva da morte, é ela que apaga os pecados, ela retira a alma das trevas, faz com que encontre misericórdia diante de Deus e assegura-lhe a vida eterna.
Há meio mais eficaz para aliviar as almas sofredoras? Quando em seu nome exercemos a caridade, os clamores de gratidão dos pobres sobem em direção a Deus e triunfam sobre tudo diante dele. É um doce orvalho que cai nas chamas do Purgatório e amenizam seus ardores. Que pensamento admirável e consolador! A esmola que dá o pão quotidiano a um miserável deste mundo, dá talvez a uma alma um lugar eterno, à mesa do Senhor, no Céu. Sejamos, portanto, misericordiosos o mais que pudermos. Se temos muito, demos muito; se temos pouco, demos pouco, mas demos de bom coração. Diz o Salmista (Sal 41:1-3): Feliz é aquele que se importa com os pobres! Em tempos de aflição, o Senhor o livra! O Senhor o protege e lhe conserva a vida. Ele o faz prosperar na terra e o livra de seus inimigos. O Senhor cuida dele quando fica doente e lhe restaura a saúde.
Mãos à obra pois, alma cristã, socorrei os aflitos da terra e aliviareis, ao mesmo tempo, aqueles que choram para além do túmulo. Colocai o óbolo da viúva na mão do pobre. Ele é o carcereiro do Purgatório. À sua voz as chamas se apagarão, os cárceres se abrirão, os cativos se tornarão livres.
Se os bens nos faltam, se o dinheiro é pouco, podemos ainda fazer a esmola espiritual que faz bem à alma e ao coração, e que supera a esmola material, segundo Santo Tomás, como a alma supera o corpo. As misérias espirituais são muito mais numerosas e mais deploráveis que as misérias corporais. Ora, a divina bondade permite que apliquemos aos nossos queridos irmãos do Purgatório os méritos que podemos obter por meio deste gênero de esmola. Portanto, por eles, cuidemos dos pobres doentes; por eles, velemos à cabeceira dos agonizantes; por eles, visitemos os prisioneiros; por eles, protejamos os órfãos; por eles, consolemos as viúvas; por eles, enxuguemos as lágrimas daqueles que choram; e que, assim, nossa caridade, diminuindo os sofrimentos deste mundo, que é também um Purgatório, suavize e abrevie para nossos irmãos mortos o Purgatório da outra vida!
O que é, portanto, que pode nos deter quando se trata do alívio e da libertação dessas almas queridas? O que pode nos servir de desculpas se nós as esquecemos, quando nos é tão fácil ajudá-las? E quem virá um dia em nosso auxílio, se não fizermos nada pelos outros?
Uma viúva tinha um filho único que amava muito. Um dia em que este se divertia com os outros jovens de sua idade, um estrangeiro passou e começou a perturbá-los em suas brincadeiras. O filho da viúva o repreendeu duramente. Então, o estrangeiro colérico tirou seu punhal e enfiou-lhe no coração e, deixando o infeliz estrebuchando no chão, fugiu. Com o instrumento de seu crime na mão, refugiou-se na primeira casa que encontrou aberta. Ele suplicou à dona da casa que o escondesse pelo amor de Deus. Que surpresa! Era precisamente a mãe do jovem assassinado. Ela consentiu. Os policiais, que estavam à procura do assassino, entraram na casa e, não o encontrando, um deles disse à mulher: Sem dúvida não sabeis que vosso filho morreu, pois se soubesses não deixaria sair livre o culpado que certamente está aqui. Pouco faltou para que a pobre mãe morresse de dor ao saber desta notícia fatal. Mas, recobrando em seguida toda a sua coragem e toda a sua caridade, disse ao culpado: _Infeliz, você matou meu filho, que era meu único apoio, a esperança de minha velhice. Eu poderia entregá-lo à polícia, que o executaria por certo. Eu prefiro, por caridade, pagar-lhe o mal com o bem. Eu o esconderei em minha casa, vou pedir misericórdia à justiça por você, vou adotá-lo por meu filho, e espero que por isso Deus abra o Céu a meu querido filho.
Poucos dias depois, o filho que havia morrido apareceu a sua mãe: Enxugai vossas lágrimas, disse ele, e rejubilai-vos, pois vós me salvastes. Eu deveria passar um longo tempo no Purgatório, mas vós me tirastes de lá por sua generosidade, pela misericórdia que dirigiu àquele que me tirou a vida. Consolai-vos, ó minha mãe, estou subindo ao Céu! E a pobre viúva deu um doce suspiro. Ó poder da caridade, ó poder da esmola!
Oremos. Cheio de fé em Vossas palavras, ó meu Salvador, eu verei daqui em diante somente a Vossa pessoa adorável escondida nos indigentes que me pedem piedade. Darei com respeito a minha esmola a mão que me estendem, pensando que é a Vós mesmo que dou. Mas, ó meu Deus, minha caridade não se limitará apenas aos viventes. Quero que ela se estenda também aos mortos, e que o que eu fizer pelos pobres da terra sirva aos pobres do Purgatório e atraia sobre eles a chuva de vossa misericórdia. Doce Jesus, dai-lhes o repouso eterno!
Requiescant in pace!
Em seguida, reze cada dia: