Oremos. Senhor, escutai as orações que Vos ofereceremos todos os dias deste mês, pela consolação de nossos irmãos e irmãs falecidos, e concedei-lhes um lugar de descanso, de luz e de paz! Escutai também as orações que essas almas Vos oferecerão por nossa intenção, para que possamos finalmente obter, através de sua intercessão, as graças que Vos pedimos.
É uma opinião bem recebida entre os teólogos que as almas padecentes intercedem, já no Purgatório, por aqueles que as ajudam. Elas não podem obter nada para si mesmas, e suas orações são inúteis quando pedem o fim de seus tormentos. Mas não ocorre o mesmo quando fazem orações por seus benfeitores. Essas súplicas estão dentro da ordem da Providência, têm tudo o que precisam para tocar o coração de Deus, e não estão de maneira alguma afetadas pelos defeitos que tornam as nossas orações frequentemente infrutíferas. Estas boas almas são puras e santas, amadas pelo Senhor, e sempre perfeitamente unidas a Ele. Diz um piedoso autor que elas oram sem distrações, com fervor, com perseverança, e que seu crédito diante de Deus é tão grande que, se a experiência de cada dia não estivesse lá para dar testemunho, dificilmente se poderia acreditar.
Temos, portanto, tudo a ganhar, alma cristã, ao trocarmos nossas orações pelas de nossos irmãos falecidos. E o melhor modo de obter de Deus o que pedimos, é confiando-lhes as nossas causas e oferecendo por eles, com esta intenção, nossas boas obras, o santo sacrifício da Missa, e todas as indulgências que podemos aplicar-lhes. Rezemos, portanto, frequentemente; rezemos muito pelas almas benditas do Purgatório que são cheias de gratidão, e elas pedirão a Deus por nós com eficácia! Elas oferecerão a Deus todos os seus indizíveis sofrimentos. Ó, sim, é uma ocupação santa e salutar pensar nos mortos como diz a escritura: sancta cogitatio!
O Céu é a pátria do reconhecimento, e as almas por nós libertadas permanecerão ligadas a nós por laços de gratidão eterna. Poderiam elas nos esquecer quando nós as colocamos em posse das riquezas eternas, revestidas de glória e de imortalidade? Quando nós as demos um lugar no banquete do Cordeiro, onde elas poderão enfim comer o pão dos anjos de que sentem fome? Ó, não! Seguramente elas não nos esquecerão jamais: elas pensarão em nós, ficarão atentas às nossas necessidades, velarão por nos como outros anjos da guarda. Do alto de seus tronos, elas lançarão os olhos sobre nossos perigos e nossos males, pedindo a Deus sem cessar para que nos poupe das provações, de afastar de nós todas as tentações e os perigos e unirão suas súplicas às nossas, para fazer uma santa violência ao coração de Deus. Que socorros em nossas necessidades! Que alívio em nossas penas! Que auxiliares preciosos! Em nossa agonia, que consoladores e que apoios! Que advogados poderosos no dia temível do julgamento! E se viermos a cair no Purgatório, essas Almas que tivermos libertado, não virão por sua vez nos visitar, nos consolar, até que tenhamos chegado junto delas, nos esplendores da beatitude eterna?
Meu Deus, quantas vantagens, quantas consolações de todo tipo se encontram na devoção aos fiéis defuntos! Felizes e bem-aventurados são aqueles que rezam pelos mortos. Tudo o que as damos por caridade, diz santo Ambrósio, se converte em graças para nós e, após nossa morte, nós recebemos tudo quanto demos multiplicado por cem.
Uma pessoa piedosa e digna de fé escreveu as seguintes linhas que são uma prova da eficácia das orações das almas do Purgatório.
Eu desejava o reestabelecimento de minha fraca saúde, bem comprometida, e me dirigí à Nossa Senhora de Lourdes, ao menino Jesus e a São José, sem nada obter. Somente depois de ter suplicado às almas do Purgatório que rezassem por mim é que fui atendida. Eu lhes tinha dado até o Natal, prometendo-lhes sufrágios e missas, se nessa época eu pudesse cumprir meus deveres religiosos e retomar minhas ocupações. Benditas e agradecidas sejam essas queridas e bem-amadas protetoras: estou radicalmente curada! Fiquei ansiosa por cumprir tudo o que eu as havia prometido. Vós vedes quanto o bom Deus deseja a libertação das Almas cativas do Purgatório, pois força por assim dizer a recorrer a elas, a rezar por elas, para obter uma multidão de graças que ele quer fazer passar por suas mãos. Quanto a mim, estou convencida desta verdade, pois afirmo que todos os favores que Deus me concede, eu os devo à oração de minhas boas amigas do Purgatório. Tudo o que peço sem elas, não obtenho, e com elas, não desespero de nada, espero mesmo contra toda esperança.
Instrui-vos por este exemplo, alma cristã, e sede convencida de que podereis tudo obter pela intercessão de vossos irmãos falecidos.
Oremos. Ó santas almas do Purgatório, eu rogo ao Senhor Jesus, que morreu por vós, que tenha piedade de vossas dores. Que Ele possa, pela aspersão de Seu sangue, vos refrescar no meio de vossos tormentos! Quanto a vós, almas caridosas, dignai-vos interceder por mim. Vossas orações serão ouvidas, pois estais na graça do Senhor. Pedi, pois, por mim os favores espirituais e temporais que me são mais necessários. Pedi sobretudo que eu tenha uma santa morte e que eu esteja um dia no Céu convosco.
Requiescant in pace!
Em seguida, reze cada dia: