Nono dia — Impotência das almas do Purgatório

Oremos. Senhor, escutai as orações que Vos ofereceremos todos os dias deste mês, pela consolação de nossos irmãos e irmãs falecidos, e concedei-lhes um lugar de descanso, de luz e de paz! Escutai também as orações que essas almas Vos oferecerão por nossa intenção, para que possamos finalmente obter, através de sua intercessão, as graças que Vos pedimos.

Impotência dos seus sofrimentos

Consideremos que com a morte cessa todo o mérito porque, fora da arena de combates, a alma não tem mais sua livre escolha entre o bem e o mal. O Purgatório é aquela noite de que fala Jesus Cristo, quando ninguém pode trabalhar. É por isso que nossos queridos entes falecidos não podem nada para suavizar seus sofrimentos. A resignação perfeita, seu terno amor a Deus, a enormidade de seus sofrimentos não abreviarão sequer um instante da pena. A menor das dores do Purgatório, se fosse suportada na terra, seria capaz de adquirir um peso imenso de glória celeste. Mas naquele lugar terrível de expiações, elas são estéreis para aqueles que alí se encontram e em nada aumentam sua glória no Céu. São simplesmente o pagamento de uma dívida. Que terrível! Sofrer cruelmente, talvez sofrer por séculos, sofrer sem nenhum proveito. Como esse pensamento é desolador para essas almas queridas, e como isso aumenta seus tormentos! Assim, é de nós que essas almas esperam socorro e alívio.

Sim, alma cristã, somente nós podemos ajudá-las, somente nós podemos providenciar sua liberdade. O Céu as consola, nós as aliviamos. Os santos abrem-lhe os braços para os receber, nós as introduzimos na morada de bem-aventurança. Tal é o nosso poder, e tal é o nosso dever. Pensamos nisso frequentemente?

Impotência de suas orações

As almas do Purgatório são impotêntes para aliviarem-se tanto por suas preces quanto por seus sofrimentos. É em vão que, do fundo do abismo incandescente, elas fazem subir até Deus seu grito de dor. É em vão que elas tentam mover Sua justiça e que dizem como Davi: _Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes? Eu clamo por vós durante o dia, e não me atendeis. À noite eu solto gemidos e ninguém me responde. Lembrai-Vos, Senhor, das Vossas misericórdias. Quebrai as correntes que me seguram longe de Vós, livrai-me dos tormentos que suporto. Ai de mim! Como meu exílio é terrível! Misericórdia, Senhor, misericórdia!

Insensível aos apelos de sua angústia, Deus responde: O tempo da misericórdia terminou, o tempo da justiça começou. Vossas repetidas súplicas não têm nenhuma eficácia; não saireis de vossa prisão até que vossa dívida tenha sido inteiramente quitada pelo sofrimento. Mas se as orações dos mortos não têm nenhum crédito, as nossas são todo-poderosas sobre o coração de Deus. À medida que sobem ao Céu, a misericórdia desce ao Purgatório, em torrentes de graças, de perdão, de liberdade e de glória. Foi pela oração que Marta e Maria obtiveram a ressurreição de Lázaro, é também por ela que obteremos a libertação de nossos parentes defuntos. Oh! Oremos de todo o coração, oremos sem cessar por eles. Digamos frequentemente: bom e misericordioso Jesus, dai-lhes o repouso eterno. Ó Maria, mãe e consoladora dos aflitos, apressai-vos a socorrê-los! Santos e Santas do Paraíso, intercedei por eles!

Exemplo

O Salvador, atravessando a Judéia, encontra um dia um homem que era paralítico, e que esperava tristemente sentado perto da piscina de Siloé. O anjo, certos dias, descia na piscina, e mexia na água, e o primeiro doente que entrasse em seguida e se lavasse, ficava curado. Havia muito tempo que o pobre paralítico do Evangelio estava lá, esperando sempre, sem jamais coinseguir entrar na piscina a tempo. Tocado de compaixão, o doce Salvador se aproximou dele e lhe perguntou com bondade por que ele não se lava como os outros. Senhor, respondeu o infeliz, é que eu sou aleijado de todos os meus membros, e incapaz de todo movimento, e eu não tenho ninguém pra me jogar primeiro na piscina. Minha cura tão desejada não depende de mim, pois estou paralisado por completo. Preciso de um amigo generoso, que me preste ajuda e me dê a mão! Pobre paralítico! Como era digno de compaixão!

Tal é a triste sorte das almas do Purgatório. Elas permanecem imóveis nas chamas vingadoras, incapazes de socorrerem-se a si mesmas, incapazes de pularem na piscina salvadora do Sangue precioso de Jesus que salvou o mundo. Elas lá esperam, como o paralítico, um bom amigo. Sejamos, alma cristã, esse amigo caridoso. Sim, sejamos o anjo libertador dos pobres paralíticos do Purgatório.

Oremos. Ó meu Deus! Vos imploro por estas pobres almas, envoltas hoje nas sombras de uma noite terrível. Infelizes! Elas não podem fazer mais nada, Vós não Vos deixais mais mover por suas preces e por suas lágrimas, mas Vós me permitis ser o seu mediador, e de me colocar entre elas e a Vossa justiça. Eu Vos suplico, suspendei suas penas e encerrai seu doloroso exílio. Ó Jesus, sede-lhes propício! Chamai para Vós os Vossos filhos e nosso irmãos! Que descansem em paz!

Orações

Em seguida, reze cada dia: